Por que é tão comum desviarmos o foco de nós mesmos e julgarmos deliberadamente a vida alheia? Pode ser uma simples opinião não solicitada sobre a aparência de alguém; ou, então, uma crítica por um comportamento cujas motivações nós desconhecemos por completo. Pode ser um julgamento inofensivo, dentro da nossa cabeça, ou algo público, coletivo e em tom mais agressivo.
O fato é que não existem boas justificativas para o hábito de julgar – geralmente de forma bastante parcial – as outras pessoas. Julgar os outros é invasivo, abre espaço para a hostilidade e, quando notado, faz muito mal às pessoas que foram alvo dos comentários, mesmo não tendo sido este o objetivo.
No fim das contas, nossos julgamentos falam mais sobre quem somos do que sobre o outro. Julgamos aquilo que, muitas vezes, nem conhecemos, revelando o nosso incômodo diante do novo, do desconhecido, mostrando nossa precipitação e, muitas vezes, nossa propensão a cometer injustiças.
Julgar o outro é uma forma de desviarmos a atenção de nós mesmos e dos nossos próprios problemas. Tornar o outro o alvo permanente de nossas críticas, depreciando-o, é uma forma de nos sentirmos “por cima”, mesmo que de forma inconsciente.
Emocionalmente essa não é uma atitude saudável. Ela nos desconecta e enfatiza a cultura da indiferença, da negação ou do “cancelamento” do outro.
A psicoterapia ajuda quem tem esse hábito a sair desse lugar em que a crítica é maior do que empatia. O acompanhamento psicológico permite trabalhar nosso autoconhecimento e a consciência de quem somos, com nossas fragilidades e fortalezas.
Focar-se demais nos outros costuma gerar desconfortos emocionais e refletir negativamente sobre a autoestima. O caminho para nos conectarmos – conosco e com os outros – sempre passa pela empatia e pelo acolhimento. Diminuir o outro não nos aumenta, nem nos faz mais felizes; apenas mais solitários.